A ampliação do uso de defensivos agrícolas de baixo impacto ganha destaque em 2023, com o registro de 30 novos produtos formulados pelo Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, vinculado à Secretaria de Defesa Agropecuária. Segundo Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “Seis destes produtos são classificados como de baixo impacto, quatro deles destinados à agricultura orgânica, sinalizando uma crescente atenção às práticas sustentáveis no setor”, explica.
O Ato n° 32, publicado no Diário Oficial da União em julho, oficializou esses registros. Entre os destaques está a vespinha Diachasmimorpha longicaudata, o primeiro produto do tipo a ser registrado no Brasil para o controle de diversas espécies de moscas-das-frutas.
O produto, aprovado para uso na agricultura orgânica, também é aplicável à fruticultura convencional.
Além dos produtos biológicos, o registro de um fungicida novo também merece destaque. O mefentrifluconazole, com ação protetora e curativa, age contra diversos patógenos em diferentes estágios de desenvolvimento do fungo. “Com registros em outros países como Estados Unidos e União Europeia, seu uso contribui para a diversificação do controle fitossanitário”, esclarece Carlos César Floriano.
No total deste ano, 151 produtos foram registrados, sendo 34 considerados de baixo impacto, o que reflete o crescente comprometimento com práticas agrícolas sustentáveis.
A variedade de produtos apresenta alternativas que combinam eficácia no combate a pragas com menor impacto ambiental.
Esses avanços têm o respaldo dos órgãos competentes, que analisaram e aprovaram os produtos segundo critérios científicos e alinhados às melhores práticas internacionais, segundo os especialistas.
O registro de defensivos genéricos também entra em cena, visando a redução da concentração do mercado e um comércio mais justo, além de beneficiar a produção agrícola brasileira com custos mais baixos.
O equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade, segundo Carlos César Floriano
No universo agrícola, a busca por alternativas que minimizem os efeitos colaterais dos defensivos tradicionais se intensifica. É nesse contexto que os produtos de baixo impacto emergem como resposta à crescente demanda por práticas mais sustentáveis.
Seu papel transcende a simples proteção das plantações; eles são a demonstração do compromisso em resguardar a biodiversidade e assegurar a saúde dos ecossistemas em que a agricultura se insere.
O uso de defensivos de baixo impacto apresenta múltiplas vantagens. Além de atingirem o objetivo primordial de proteger as culturas, eles se destacam por seu menor impacto ambiental, diminuindo a contaminação de solos e águas e preservando a saúde de seres vivos não alvo.
Essa abordagem preventiva reverbera ao longo das cadeias alimentares, contribuindo para sistemas agrícolas mais resilientes.
O avanço tecnológico é um dos pilares que sustentam essa revolução silenciosa no campo. Compostos biológicos e técnicas de controle natural de pragas ganham espaço, oferecendo alternativas seguras e eficazes.
De acordo com Carlos César Floriano, “A introdução da vespinha Diachasmimorpha longicaudata, por exemplo, representa um marco no controle biológico de moscas-das-frutas, onde a natureza se torna aliada do produtor”, diz.
Contudo, é crucial considerar que o cenário não é isento de desafios. A complexidade do equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade é inegável. Questões como custos, resistência de pragas e adaptação cultural entram em jogo, revelando que a transição para produtos de baixo impacto exige um processo gradual, onde o conhecimento técnico e a pesquisa são fundamentais.
O debate em torno dos defensivos agrícolas transcende os campos e atinge a sociedade em sua totalidade. A opinião pública se divide entre a necessidade de garantir a segurança alimentar e o anseio por um ambiente saudável.
A análise equilibrada dessas perspectivas é fundamental para traçar um panorama completo e orientar políticas que atendam tanto aos interesses econômicos quanto aos anseios ambientais.