Para defender os rebanhos de suínos em todo o país, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adotou medidas rígidas de controle de fronteiras, o que inclui a fiscalização em aeroportos internacionais. Um novo passo foi dado neste sentido com o lançamento de material didático, de caráter preventivo, por meio do livro “Diálogos para a Prevenção da Peste Suína Africana”.
A peste suína africana, também conhecida pela sigla PSA, é considerada uma doença contagiosa que já devastou o gado na União Europeia, China e em outros países asiáticos. Até o momento não possui tratamento e nem cura e, uma vez diagnosticada, é necessário realizar o sacrifício de todos os animais infectados. Embora a PSA ainda tenha chegado ao território brasileiro nos últimos anos, alguns casos em 2021, tanto no Haiti quanto na República Dominicana, foram confirmados.
Além do livro, o conjunto de material didático que foi disponibilizado pelo Mapa inclui pôsteres, mensagens de texto e voz, infográficos, e postagens para serem utilizadas por meio da mídia social. Anteriormente, arranjos multimídia foram usados com sucesso em conversas sobre a fusariose da bananeira e também nas boas práticas no uso de medicamentos e produtos veterinários. As duas peças foram lançadas na CES no ano passado.
O Comitê de Educação em Saúde Sanitária reúne veterinários, técnicos de pecuária, engenheiros e jornalistas dos setores público e privado. O papel do comitê é estimular ações preventivas em torno de uma saúde única, conceito que reúne saúde animal, humana e ambiental com foco no desenvolvimento de políticas públicas que beneficiem o controle de doenças.
Além de diretrizes de prevenção de doenças, o livro fornece a história mundial sobre a PSA. O Brasil, por exemplo, registrou casos entre 1978 e 1981. A coordenadora da CES e auditora fiscal federal agropecuária Juliana do Amaral Moreira Vaz, uma das autoras do livro, explica que “o vírus foi introduzido por resíduos de alimentos de uma aeronave proveniente da região ibérica”, conta. Na época foram contabilizados 224 focos em todo o Brasil, com quase 70 mil animais sendo sacrificados e indenização superior a dois milhões de dólares. Somente em dezembro de 1984 o país recebeu a declaração que estava completamente livre da doença.
“A ideia é utilizar de forma didática a ferramenta mais poderosa e eficaz para o controle da doença no país: a informação.”, diz no prefácio do livro Andréa Figueiredo Procópio de Moura, superintendente federal de Agricultura de São Paulo. Ela lembra que é essencial a sensibilização de todos os envolvidos no processo para que a peste suína africana não afete o agronegócio brasileiro.
Para o professor Luís Fernando Zuin, da Universidade de São Paulo (USP), garantir a saúde do processo produtivo rural será um dos elementos-chave da produção sustentável no novo campo. “Este livro, com ações e materiais pedagógicos, vai ao encontro da aplicação prática da exploração cotidiana do novo campo. Com esse trabalho, buscamos impedir que a peste suína africana entre no Brasil e no meio rural. É uma doença que temos muito medo porque tem um enorme potencial de danos econômicos e ambientais”, disse ele, um dos idealizadores e autores da coleção “Diálogos”.
A carne suína é uma das mais consumidas no mundo, e o Brasil se tornou um dos maiores produtores dessa proteína globalmente, lembra Guilherme Zaha Takeda, chefe da Unidade de Sanidade Suína do Ministério da Agricultura e Defesa Pecuária. “A peste suína africana ameaça a segurança alimentar de partes da suinocultura do Brasil e dos produtores que têm na criação de suínos a opção de fonte de renda e alimentar”, explica. Para Takeda, por meio do livro, é possível boa parte da população estar corretamente informada sobre a PSA.
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