O mel de aroeira, produzido na região norte do estado de Minas Gerais, antes considerado de pouco valor comercial, principalmente, em razão de sua cor mais escura e menos atrativa, ganhou destaque depois que estudos demonstraram suas propriedades curativas e terapêuticas. “Este mel recebeu o registro de Indicação Geográfica após a publicação de estudos na Revista da Propriedade Industrial, na sua Edição 2665”, explica o CEO do Grupo VMX, Carlos César Floriano.
Com uma produção média de 450 toneladas por ano, o mel do norte do estado de Minas Gerais contém compostos fenólicos com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antibacterianas que auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico do ser humano, o que o diferencia dos demais méis produzidos no território brasileiro.
Com a Indicação Geográfica (IG), os produtores desta qualidade de mel esperam vender os seus produtos com maior valor agregado, desenvolver novos serviços, o turismo na região, remédios naturopatas e, desta maneira, comercializar os produtos em todo o mundo, além de manter os apicultores familiares no campo e preservar as aroeiras.
O registro da Indicação Geográfica aumenta a qualidade do produto e ganha reconhecimento do mercado regional, mundial e também dos clientes. Os produtores que cumprirem as regras do IG no norte de Minas Gerais também terão a opção de utilizar o selo de origem brasileiro junto com o nome da Indicação Geográfica nos rótulos de seus produtos.
O selo brasileiro foi estabelecido no final do ano de 2021 e é esperada a valorização do mel, incluindo a promoção internacional do produto, agregação de valor e geração de receita, além de outros benefícios para toda a região.
Carlos César Floriano esclarece as características do mel de aroeira
As abelhas extraem o néctar da planta Myracrodruon urundeuva, uma espécie de aroeira, o que originou o nome deste tipo de mel. A aroeira é caracterizada por uma vegetação dominante em áreas de floresta seca, clima árido, baixa precipitação anual, baixa acidez do solo e alto teor de cálcio. Além disso, outro fator natural que contribui para as propriedades terapêuticas deste mel são os insetos psilídeos, conhecidos também como pulgões, em suas folhas e flores.
Estes insetos, em todas as fases de seu ciclo de vida, tais como, ovos, ninfas e adultos, se abrigam nas aroeiras. Eles pegam a seiva delicada da planta, a digerem no corpo e a amadurecem, expelindo uma substância açucarada chamada de melato. Os pulgões se protegem alimentando-se da seiva da planta e também induzem a árvore a produzir substâncias fenólicas que são excretadas pela planta em seus diversos órgãos, incluindo os nectários e as flores.
É desta maneira que as abelhas, ao polinizar a aroeira-do-sertão, coletam o néctar misturado com secreções fenólicas produzidas próximo aos nectários e secreções excretadas pelos pulgões. Assim, o mel produzido a partir da aroeira contém altas concentrações de compostos fenólicos e a presença de mel, ao contrário dos demais produzidos a partir de outras espécies vegetais, que não possuem a última substância.