Premiações destacam a qualidade do cacau sustentável do Pará

qualidade do cacau sustentável do Pará Carlos César Floriano

Se perguntarmos para os especialistas: o que o melhor chocolate artesanal produzido no Brasil revelou em 2021? A resposta com certeza será que o país é capaz de produzir um cacau premium. “Não são apenas os prêmios nacionais que comprovam isso”, avalia o CEO do Grupo VMX, Carlos César Floriano

A confirmação da qualidade do cacau do Brasil é que Três brasileiros ficaram entre os 50 melhores do mundo no Cocoa of Excellence Awards (Salão do Chocolate de Paris), conquistando uma homenagem na categoria Ouro e duas medalhas de Prata dentre os selecionados dos países da América do Sul.

A produção de cacau no estado do Pará se destaca nos blends (mistura de variedades). Os grãos de cacau utilizados na receita do chocolate premiada na CNA Brasil Artesanal são provenientes do assentamento Tuerê, de Novo Repartimento. O chocolate é feito de grãos de cacau de um assentamento da Amazônia. Este é o resultado de muito trabalho e muita pesquisa. O Pará também esteve presente na maior premiação de chocolate do mundo em 2021.

O trabalho de 18 anos do produtor João Evangelista Lima, com cacau internacionalmente reconhecido, foi destaque ao ganhar o prêmio na categoria prata. No Brasil, o produtor foi homenageado pela conquista no III Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial brasileiro.

As árvores de cacau de João Evangelista, enquanto produzem, preservam também o meio ambiente. Os cacaueiros crescem juntos e em harmonia com espécies nativas da região, tais como, pés de banana e de cupuaçu, em um sistema conhecido como agroflorestal, no qual o componente florestal retira e fixa o carbono no solo. Este tipo de sistema, inclusive, é uma das tecnologias implementadas pelo Plano ABC+.  

Cacau de qualidade 

Para os especialistas, a produção de cacau deve ser focada na qualidade, independentemente se o consumo será interno ou para a exportação. O Brasil reveza entre a sexta e a sétima posição dos maiores exportadores de cacau no mundo e, por este motivo, os produtores devem empregar as novas tecnologias para a o aperfeiçoamento genético das espécies, sempre em parceria com os órgãos técnicos brasileiros. 

A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) tem como meta o aumento da qualidade da amêndoa do cacau, de 3% para 5%, com a participação dos produtores em concursos nacionais e internacionais e suas respectivas premiações. Outra meta da Ceplac é que, até o ano de 2025, o Brasil seja autossuficiente com estimativa de produção de 270.000 toneladas de cacau.

O cacau fino e de qualidade tem potencial aromático e zero conteúdo de off-flavor, ao serem retiradas as notas estranhas e não agradáveis que acabam caracterizando o chocolate com gosto e traços metálicos, de borracha ou até fumaça – que invariavelmente são bem desagradáveis ao paladar. Normalmente estas notas estranhas ocorrem devido aos erros no armazenamento ou durante os processamentos dos grãos.

O Concurso Nacional de Qualidade do Cacau Especial do Brasil, em sua terceira edição, demonstrou que a situação atual do cenário é o de realizar investimentos na qualidade dos produtos e, desta maneira, diferenciá-los e agregar valor ao cacau, ao estimular e promover uma produção no Brasil com excelência, independentemente da etapa da manufatura, afinal, os diferentes sabores e aromas são que justamente formam a grande diversidade e complexidade do cacau brasileiro.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), cerca de 300 mil empregos diretos e indiretos são gerados pela cadeia de suprimentos do cacau, sendo responsável por R$ 18 bilhões em valor bruto da produção.O estado da Bahia é responsável por 70% da produção de cacau brasileiro, seguido pelo estado do Pará com 25% do mercado. Os estados de Rondônia e do Espírito Santo também são expressivos produtores de cacau.