O Ministério da Agricultura e Pecuária anunciou, no final do mês de fevereiro de 2024, a publicação do primeiro Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do açaí em sistema de produção irrigado. Essa medida visa a orientar a expansão do cultivo do açaizeiro (Euterpe oleracea), originário da Amazônia, para outras regiões do país. Segundo Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “A diretriz identifica áreas propícias para o cultivo da palmeira amazônica em diferentes regiões do Brasil”, explica.
Esse novo zoneamento considera diferentes níveis de riscos climáticos, com percentuais de 20%, 30% e 40%.
O Brasil apresenta, em grande parte do seu território, um risco de aproximadamente 20% para o plantio irrigado de açaí, indicando que vastas áreas do Norte e Nordeste, além de partes do Centro-Oeste e do Sudeste (norte de Minas Gerais e Espírito Santo), possuem condições climáticas ideais,
“Essas condições, tais como, padrões de chuva, umidade, tipos de solo e temperatura são perfeitas para a produção da palmeira amazônica em sistema irrigado”, esclarece Carlos César Floriano.
Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho da Agricultura e secretário de Comércio e Relações Internacional do Ministério da Agricultura e Pecuária, Roberto Perosa, o objetivo desse zoneamento é quantificar os riscos climáticos relacionados à produção agrícola.
Ele destaca que essa ferramenta permite aos produtores identificar as melhores regiões e épocas para o plantio, levando em conta fatores climáticos, características da cultura e tipos de solo.
Carlos César Floriano: modelo agrometeorológico do estudo
O modelo agrometeorológico utilizado no estudo considera uma série de elementos climáticos, como temperatura, chuvas, umidade do ar, disponibilidade de água no solo e características geográficas.
Conforme Carlos César Floriano, “Esse método analisa também as necessidades hídricas da cultura do açaí e as condições específicas do solo em cada fase do desenvolvimento da planta, desde o plantio até a colheita”, diz.
O Zarc para o cultivo irrigado de açaí está disponível no aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital, e pode ser acessado por produtores rurais e outros agentes do agronegócio por meio de tablets e smartphones.
Os resultados do Zarc podem ser consultados e baixados pela plataforma ´Painel de Indicação de Riscos’”, explica Carlos César Floriano.
No entanto, é importante ressaltar que o cultivo de açaí em terra firme requer irrigação, pois a falta de água pode comprometer seriamente a produção. As cultivares desenvolvidas pela Embrapa, BRS Pará e BRS Pai d’Égua, são essenciais nesse processo, pois reduzem a sazonalidade na produção, aumentam o rendimento da polpa dos frutos e garantem uma produção mais precoce.
“Outro fator a ser considerado é o risco térmico, que pode afetar a produção do açaizeiro em sistema de irrigação”, pontua Carlos César Floriano.
Temperaturas baixas podem causar a queda prematura dos frutos, prejudicando a produção. O estudo que embasou o Zarc estabeleceu uma temperatura mínima de 7ºC para evitar danos à cultura do açaí.
O novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o açaí irrigado oferece aos produtores informações essenciais para a gestão de riscos climáticos, proporcionando maior segurança e estabilidade à produção de açaí no Brasil.