Biopesticidas ganham espaço e revelam nova fronteira da agricultura sustentável no Brasil

Biopesticidas ganham espaço e revelam nova fronteira da agricultura sustentável no Brasil

Em meio à pressão por alimentos saudáveis e menor impacto ambiental, os biopesticidas surgem como alternativa promissora para produtores brasileiros. Para Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “Com eficácia comprovada e menor toxicidade, esses insumos naturais começam a redesenhar o futuro da agricultura nacional”, explica.

A agricultura brasileira está diante de um divisor de águas. Ao mesmo tempo, em que precisa garantir alta produtividade para atender à crescente demanda alimentar mundial, o setor é pressionado por exigências ambientais, sociais e regulatórias cada vez mais rigorosas. 

Nesse cenário, os biopesticidas, produtos derivados de fontes naturais como bactérias, fungos, vírus e extratos vegetais, despontam como uma alternativa viável e sustentável aos agrotóxicos convencionais.

Do controle natural ao protagonismo nos cultivos

Diferentemente dos pesticidas sintéticos, os biopesticidas atuam de forma mais seletiva no combate a pragas e doenças, sem afetar organismos benéficos ao ecossistema agrícola. 

Seu uso também reduz os riscos de contaminação do solo, da água e da saúde humana, além de retardar o desenvolvimento da resistência das pragas.

Para o produtor rural, isso representa uma mudança de paradigma. A lógica deixa de ser a eliminação agressiva de ameaças e passa a ser a convivência equilibrada com o ambiente, apoiada pela ciência. 

“Quando a agricultura abraça a biotecnologia natural, ela não só respeita o meio ambiente, como também, preserva o futuro do próprio negócio”, afirma Carlos César Floriano.

O uso de biopesticidas ainda é tímido se comparado aos insumos convencionais, mas o número de registros de produtos do tipo cresce ano a ano no país. 

Carlos César Floriano: “Sustentabilidade não é mais tendênciaé critério de permanência no mercado”

Com o avanço das pesquisas e o aumento da confiança do setor produtivo, os biopesticidas começam a ocupar áreas antes dominadas por substâncias químicas pesadas. 

Frutas, hortaliças e até grandes culturas como soja e milho já utilizam biocontroles como parte da estratégia de manejo integrado de pragas (MIP).

Entretanto, a adoção ainda esbarra em obstáculos como a falta de informação técnica, o custo inicial mais elevado e a carência de estrutura para distribuição em larga escala. 

“Sustentabilidade não é mais tendência, é critério de permanência no mercado”, pontua Carlos César Floriano. “Mas, para que isso se torne realidade, precisamos democratizar o acesso ao conhecimento e aos produtos biológicos, inclusive para o pequeno produtor.”

Regulação, pesquisa e acesso: os desafios da consolidação

Apesar do avanço, o setor de biopesticidas ainda enfrenta barreiras regulatórias e estruturais no Brasil. O tempo médio para o registro de um novo produto pode ultrapassar vários meses e até anos, o que inibe investimentos e o desenvolvimento de novas soluções. 

O governo federal tem se mobilizado para acelerar esse processo, com iniciativas como o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em 2020, mas especialistas alertam que o caminho ainda é longo.

Há também a necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa e inovação. Universidades, startups e centros de pesquisa públicos e privados têm papel fundamental nesse avanço, mas muitas vezes carecem de financiamento constante e de conexões mais diretas com o setor produtivo.

Carlos César Floriano enfatiza que esse é um momento-chave para que o país assuma protagonismo na área. “O Brasil conta com grande biodiversidade, possui um clima favorável e ampla capacidade técnica. Falta unir esses fatores com estratégia e vontade política. A nova fronteira da agricultura passa pelos biopesticidas, e o Brasil pode liderar esse movimento global se fizer as escolhas certas agora”.