Você já ouviu falar de mel de melato? Para produzir o mel floral, a abelha carrega o néctar das flores. Segundo Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “no caso do mel de melato, a matéria-prima utilizada pelas abelhas é um líquido doce (melato), produzido pelo inseto cochonilha, que se associa às árvores de bracatinga – típicas do sul do Brasil – e dela suga a seiva”, explica.
Por muito tempo acreditou-se que ao carregar o melato, a abelha iria sujar o mel floral. Mas, pelo contrário, o mel produzido a partir do melato se tornou uma iguaria e passou a ter grande apreço dos consumidores internacionais, principalmente na Alemanha.
“É justamente esse produto, o Mel de Melato de Bracatinga que recebeu o registro de Indicação Geográfica, na espécie Denominação de Origem, Planalto Sul Brasileiro” explica Carlos César Floriano. A concessão foi publicada na edição n° 2637 da Revista da Propriedade Industrial.
De coloração mais escura, maiores teores de açúcares, nitrogênio e minerais, maior pH, o Mel de Melato de Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro apresenta mais efeitos benéficos à saúde quando comparado aos méis florais pela presença de compostos bioativos e potencial antioxidante. Apesar da maior concentração de açúcares, o mel do melato apresenta menores quantidades de frutose e glicose e não cristaliza como o mel floral.
Suas características únicas são resultado da presença das enzimas das abelhas produtoras de mel, além das enzimas derivadas das secreções das glândulas salivares e do intestino das cochonilhas.
Ao receber a denominação de origem Planalto Sul Brasileiro, significa que essa região é essencial para designar as características ao produto, no caso o mel de melato. É no Planalto Sul Brasileiro que há predominância arbórea de bracatingas, agrupadas em capões de mato ou em vertentes dos vales de pequenos rios e arroios, na forma de florestas galerias. A cada dois anos, os bracatingais são infestados por cochonilhas, que se fixam no tronco das árvores e se alimentam da seiva elaborada, excretando um líquido adocicado, o melato.
A produção do mel de melato da bracatinga no sul do Brasil se dá comumente entre os meses de dezembro a junho, o que corresponde aos períodos de maior escassez de néctar e pólen. Entretanto, geralmente no primeiro semestre dos anos pares se dá o estágio de cisto das cochonilhas, formando longos fios brancos por onde excreta o melato.
Embora a excreção de melato pelas cochonilhas ocorra nos dois anos do seu ciclo de vida, nos anos ímpares ela ocorre em menor quantidade, permitindo uma menor produção de mel de melato.
Assim, para promover a produção desse mel, devem-se migrar as colmeias para locais onde há bracatingas nas épocas em que elas estão associadas às cochonilhas, para aproveitar todo o potencial apícola.
A área da denominação de origem do Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro reúne 134 municípios, sendo 107 do estado de Santa Catarina, 12 do Paraná e 15 do Rio Grande do Sul.
Carlos César Floriano define as regiões sobre mel, pólen, própolis
Além do Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro, o Brasil apresenta, atualmente, cinco indicações geográficas relacionadas a produtos de abelha. Para Carlos César Floriano “o Brasil tem potencial de registrar ainda outras 15 regiões vinculadas a produtos de abelha, como, mel, pólen e própolis”.
No caso de produtos de abelha, o Brasil possui duas regiões produtoras de mel reconhecidas como Indicação de Procedência (IP) e três regiões, uma de mel e duas de própolis, registradas como Denominação de Origem (DO).
As Indicações de Procedência são: ‘Pantanal’, para o produto mel, que tem a característica peculiar de estar localizada nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A IP ‘Oeste do Paraná’ é registrada para os produtos mel de abelha Apis Melífera Escutelata (Apis Africanizada) e mel de abelha Tetragonisca Angustula (Jataí).
Como Denominações de Origem estão registradas: própolis vermelha e o extrato de própolis vermelha da região dos ‘Manguezais de Alagoas’; própolis da ‘Região do Própolis Verde de Minas Gerais’; e o mel da região de ‘Ortigueira’, no Paraná.
O reconhecimento segundo Carlos César Floriano
A Indicação Geográfica (IG) é um instrumento de reconhecimento da origem geográfica, conferida a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, que detêm valor intrínseco, identidade própria, o que os distingue dos similares disponíveis no mercado.
“O registro de Indicação Geográfica é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria”, diz Carlos César Floriano, “além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado”, explica.
São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (know-how ou savoir-faire).
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