Entre novas tecnologias, hábitos de consumo e demandas sociais, produtores e marcas precisam se reinventar para atender a um consumidor mais consciente e exigente. “A busca por alimentos mais saudáveis, sustentáveis e com propósito ético está transformando o mercado alimentício global”, explica Carlos César Floriano, CEO doGrupo VMX.
A forma como as pessoas se alimenta está mudando, e rápido. O que antes era definido por sabor e conveniência, hoje passa por um filtro que envolve saúde, sustentabilidade, rastreabilidade e até posicionamento político.
De grandes redes varejistas a pequenos produtores artesanais, o setor alimentício vem sendo impactado por um consumidor mais informado, conectado e engajado com causas socioambientais.
“Esse novo perfil está provocando uma verdadeira revolução no que vai para o prato, exigindo das empresas mais do que bons produtos: exige valores”, diz Carlos César Floriano.
A tendência não é nova, mas foi acelerada nos últimos anos, especialmente após a pandemia de Covid-19, que ampliou a preocupação das pessoas com a saúde e reforçou o papel da alimentação como uma forma de autocuidado.
Ao mesmo tempo, pautas como o bem-estar animal, a pegada ambiental dos produtos e a origem dos ingredientes ganharam espaço nas redes sociais e impactaram diretamente as decisões de compra.
Consumo consciente: mais do que nutrição, um posicionamento
Consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis e que respeitem boas práticas socioambientais. Não se trata apenas de modismo: é uma mudança cultural, por este motivo, produtores e marcas podem perder sua relevância no mercado se não se posicionarem neste sentido.
Essa exigência também pressiona os fornecedores e toda a cadeia produtiva, que precisam garantir transparência, rastreabilidade e coerência entre discurso e prática.
“O consumidor moderno não compra apenas o que está no rótulo, ele compra o que a marca representa”, destaca Carlos César Floriano. “Não há mais espaço para incoerência: o público exige verdade”.
Em resposta, cresce o número de empresas investindo em rotulagem clara, certificações ambientais, uso de ingredientes orgânicos e embalagens biodegradáveis.
O desafio está em equilibrar inovação e custo em um país onde a insegurança alimentar ainda atinge milhões de pessoas.
Tecnologia, inovação e personalização: a nova era da nutrição segundo Carlos César Floriano
Outra frente que ganha força no setor é o uso de tecnologia para personalizar a alimentação.
Aplicativos que oferecem dietas customizadas com base em exames genéticos, plataformas de assinatura de alimentos saudáveis e inteligência artificial aplicada à nutrição são apenas alguns exemplos de como o digital está transformando o modo como as pessoas se relacionam com a comida.
O avanço das foodtechs — startups voltadas à inovação alimentar — também é um dos destaques do momento. De carnes cultivadas em laboratório a proteínas vegetais que simulam textura e sabor da carne animal, o setor vive uma explosão de inovação.
Essas alternativas ainda enfrentam resistência cultural em alguns segmentos, mas têm conquistado adeptos, principalmente entre os mais jovens.
“Estamos falando de um consumidor cada vez mais empoderado, que pesquisa, compara e exige transparência”, afirma Carlos César Floriano. “Nesse cenário, a tecnologia não é só uma ferramenta de produção, mas de conexão emocional com o cliente”.
Ao lado disso, ganha fôlego a chamada “comida com propósito”: produtos que vão além da nutrição e carregam uma história, um impacto social, uma causa.
Marcas que empregam comunidades locais, valorizam ingredientes nativos e promovem cadeias produtivas sustentáveis estão encontrando um nicho promissor e fiel.