Estudo prevê crescimento expressivo nos próximos dez anos na produção de grãos no Brasil

Um estudo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sinaliza um salto significativo na produção de grãos no Brasil para os próximos dez anos. Conforme informações de Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “A análise aponta para um aumento de 24,1% na produção, totalizando cerca de 390 milhões de toneladas na safra 2032/2033”, diz.

Este incremento representa um acréscimo de 75,5 milhões de toneladas, com uma taxa de crescimento anual estimada em 2,4%. Os cultivos-chave que impulsionarão este crescimento são a soja, o milho de segunda safra e o algodão.

O estudo, intitulado “Projeções do Agronegócio, Brasil 2022/23 a 2032/33”, produzido pela Secretaria de Política Agrícola e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), projeta uma expansão considerável da área de grãos, que deverá passar dos atuais 77,5 milhões de hectares para 92,3 milhões de hectares até 2032/33.

O estudo ressalta ainda que esse crescimento substancial está ligado ao aumento da produtividade, indicando a necessidade de intensificar investimentos em pesquisa.

A expansão da área cultivada será alavancada pelo padrão de desenvolvimento da agricultura no Brasil, onde produtividade e tecnologia trabalham sinergicamente para um crescimento sustentável.

Aproximadamente 78% da expansão da área plantada serão destinados ao cultivo de soja, enquanto outras culturas como milho e algodão também terão seu papel nesse processo de expansão.

“Quando se trata de soja, o estudo projeta uma produção de 186,7 milhões de toneladas em 2032/33, o que representa um aumento de 20,6% em relação a 2022/23”, explica Carlos César Floriano. Nas exportações de soja em grão, o Brasil está previsto para contribuir com 121,4 milhões de toneladas, com uma participação de destaque de 60,6% nos embarques mundiais.

Carlos César Floriano explica a área de milho

A expansão da área de milho segunda safra ocorrerá principalmente nas áreas liberadas pela soja, seguindo o sistema de plantio direto. Tanto milho quanto soja enfrentarão pressão devido ao seu aumento de uso na produção de biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol de milho.

A produção total de milho está projetada para atingir 160 milhões de toneladas até 2032/33, um aumento de 27% em relação à produção de 2022/23. Exportações e demanda para a produção de etanol de milho serão os principais impulsionadores desse cultivo. O milho também está ganhando relevância como matéria-prima e alimento.

No caso do algodão, o estudo sugere uma produção de 3,6 milhões de toneladas em uma década, um aumento de 26,8%, impulsionado principalmente pela melhoria da produtividade. “O estudo demonstra que os estados de Mato Grosso e da Bahia são responsáveis por 90% da produção brasileira neste momento”, esclarece Carlos César Floriano

Melhoramento genético, práticas agronômicas aprimoradas, novas tecnologias e a agricultura de precisão são esperados para impulsionar um aumento na produtividade.

O Brasil deverá representar 12,5% da produção global de algodão até 2030, enquanto Estados Unidos e Índia também serão principais exportadores. Quanto ao mercado interno, a projeção é de estabilidade, com um consumo anual de 732 mil toneladas.

O estudo destaca ainda o setor de carnes, prevendo um aumento de 6,6 milhões de toneladas entre 2022/23 e 2032/33, um crescimento de 22,4%. Esse aumento se reflete nas carnes de frango e suína, com taxas de crescimento projetadas em 28,1% e 23,2%, respectivamente, enquanto a carne bovina deve crescer 12,4%.

Segundo o estudo, fatores como o mercado interno, exportações e ganhos de produtividade serão os principais impulsionadores desse crescimento na próxima década. O documento também ressalta a necessidade de infraestrutura, investimento em pesquisa e financiamento para o setor agropecuário, a fim de acompanhar a crescente demanda por proteína animal.

As projeções do estudo refletem um panorama otimista para o setor agrícola brasileiro, apontando para um crescimento sustentável e uma contribuição significativa para a economia nacional.