Em 2022, a produção no Brasil de feijão-preto poderá ultrapassar, pela primeira vez, o seu consumo interno. A demanda por este tipo de feijão está em cerca de 520 mil toneladas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra para 2021 e 2022 em 619,3 mil toneladas, uma diferença em torno de 100 mil toneladas. O estudo foi publicado na edição mais recente do Boletim AgroConab, divulgado no final de maio de 2022.
A grande parte do feijão-preto brasileiro é plantada nas duas primeiras safras da família das leguminosas, com 70% do cultivo total concentrado, especialmente, no estado do Paraná. “Os preços de mercado para os produtores no início do ano foram mais atrativos e o comportamento dos agricultores paranaenses se inverteu este ano em relação às variedades de cores. No Paraná, a segunda safra foi principalmente do feijão-carioca. A seleção de feijão-preto dominou as duas primeiras safras do estado.”, afirmou ao site oficial da Conab, Sergio DeZen, diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento.
Embora a segunda safra do produto já tenha começado, os preços do feijão-carioca permaneceram elevados nesse período. Devido às condições climáticas, o Paraná carece de uma definição de safra que dê conta desse fator. “Se chover muito na safra do feijão, podemos ter novas surpresas”, informou ao site da Conab Allan Silveira, superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Companhia.
Quanto ao feijão-preto, o incremento da produção igualmente afetará a demanda. Os preços do feijão-preto estão caindo após o aumento observado em janeiro à medida que a disponibilidade do mercado aumenta, tornando-o um dos fatores de escolha dos consumidores, limitando a valorização do feijão-carioca, a variedade mais consumida pelos brasileiros. “O feijão-preto permite um maior período de estocagem, o que dá ao produtor mais tempo para vender o produto”, explicou ao site da Conab o analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento, João Ruas.
Conforme as projeções da Conab, a plantação total de feijão, que incluí as variedades caupi, preto e cores, deverá atingir a quantidade de 3,1 milhões de toneladas, quando comparado com o consumo interno avaliado em 2,85 milhões de toneladas.
Os analistas da Conab destacaram, no relatório AgroConab, V. 2 N. 3 – Abril e Maio/2022, publicado na primeira semana do mês de maio, que os preços elevados praticados surpreenderam, pois existe pouca oferta e dificuldades de adquirir o feijão-preto na segunda safra.
Falta de definição da safra no estado do Paraná, restrições de oferta e necessidade de troca de commodities mantêm os preços do feijão-carioca em alta, enquanto os preços do feijão-preto continuam pressionados pelas safras e colheita argentina e paranaense.
A produção no Brasil está bem adaptada à demanda, e como as quantidades estimadas das três safras do feijão-carioca estão equilibradas, pode-se concluir que a segunda está com maior pressão sobre a oferta de feijão novo, pois são cultivados em todos os estados brasileiros do país, e há meses mais curtos, tais como os de maio e junho, para participar de sua produção.
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