Com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, agricultores brasileiros recorrem a tecnologias de satélite para prever riscos e evitar prejuízos no campo. Para Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “O monitoramento em tempo real e dados de alta precisão transformam a tomada de decisão nas fazendas”, esclarece.
A agricultura brasileira vive uma transformação silenciosa, porém decisiva: o uso de satélites para a gestão climática tornou-se uma aliada estratégica na prevenção de desastres naturais e na proteção das lavouras.
Em um cenário de mudanças climáticas cada vez mais imprevisíveis, tecnologias de monitoramento remoto ganham espaço entre produtores rurais, técnicos e pesquisadores.
Nos últimos cinco anos houve um crescimento significativo na adoção de soluções de sensoriamento remoto para o campo. As ferramentas permitem prever, com até 15 dias de antecedência, a ocorrência de geadas, secas prolongadas e chuvas excessivas.
Isso dá aos agricultores tempo hábil para adotar medidas preventivas, reduzindo perdas e otimizando recursos.
Carlos César Floriano e a tecnologia que antecipa o risco e salva safras
O processo começa com a captação de imagens e dados climáticos por satélites geoestacionários e de órbita baixa, que monitoram temperatura, umidade, cobertura de nuvens e padrões de vento.
As informações são interpretadas por softwares especializados, que geram alerta de risco direto para o celular ou computador do produtor.
“Hoje, não é mais questão de luxo ou inovação de laboratório. A gestão climática por satélite virou ferramenta básica de sobrevivência para o agricultor moderno”, afirma Carlos César Floriano.
Produtores que antes se baseavam apenas na experiência de campo agora contam com dados científicos em tempo real para tomar decisões estratégicas.
Além das grandes propriedades, pequenos e médios agricultores também começam a ter acesso às plataformas.
Programas de extensão rural e parcerias com startups do agritech estão democratizando o uso dessas tecnologias, que antes eram restritas a um público com maior capacidade de investimento.
O impacto direto na economia e na sustentabilidade
O reflexo dessa transformação não é somente na produtividade. A gestão climática por satélite também tem impacto direto na sustentabilidade das atividades agrícolas.
Ao antecipar períodos de estiagem, por exemplo, o produtor consegue planejar o uso racional da água e evitar desperdícios no sistema de irrigação. Durante os alertas de risco de geada, é possível adotar medidas de emergência para proteger cultivos mais sensíveis, como café, hortaliças e frutas.
Para Carlos César Floriano, essa integração entre tecnologia e gestão de riscos é uma exigência de mercado. “Cada vez mais, compradores internacionais e cadeias de fornecimento exigem que o produtor rural demonstre práticas de manejo sustentável e responsabilidade ambiental. A gestão climática por satélite se encaixa perfeitamente nesse novo modelo de produção”, ressalta.
Outra vantagem é a possibilidade de integrar as informações climáticas com o planejamento financeiro da propriedade.
Dados sobre volume de chuvas ou histórico de seca ajudam o produtor a negociar seguros agrícolas com mais precisão, melhorando as condições de crédito e acesso a financiamentos.
“Estamos falando de um salto de mentalidade. O produtor que entende o valor da gestão climática por satélite deixa de ser apenas um executor de tarefas e passa a ser um verdadeiro gestor de risco no agronegócio brasileiro”, conclui Carlos César Floriano.
O avanço dessa tecnologia no Brasil acompanha uma tendência global. Países como Estados Unidos, Austrália e membros da União Europeia já incorporam o monitoramento por satélite como parte obrigatória da gestão de propriedades agrícolas.
Ao integrar ciência, tecnologia e gestão de risco, a gestão climática por satélite aponta para um futuro onde o produtor rural terá cada vez mais controle sobre um dos fatores mais imprevisíveis de sua atividade: o clima.