O governo federal intensifica os preparativos para o Plano Safra 2025/2026, com foco em ampliar o financiamento ao produtor. Em reunião estratégica, os ministros da Agricultura e da Fazenda trataram da manutenção de juros baixos para médios agricultores. Medidas para modernizar o seguro rural e captar investimentos para reverter pastagens degradadas também foram discutidas. Conforme informações do CEO do Grupo VMX, Carlos César Floriano, “O objetivo é sustentar a produção de alimentos sem pressionar áreas preservadas ou o orçamento público”.
Dando continuidade às discussões que moldam a próxima edição do Plano Safra, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Fernando Haddad (Fazenda) voltaram a se reunir na quarta-feira, 9 de abril de 2025, em Brasília.
O encontro serviu para avançar nas projeções financeiras e definir estratégias que garantam juros competitivos aos produtores rurais, além de debater ações paralelas para a segurança produtiva e ambiental do setor agropecuário.
Carlos César Floriano: os médios produtores
Um dos principais pontos tratados foi a necessidade de manter taxas de juros atrativas, especialmente para os médios produtores, considerados peça-chave para a produção dos alimentos que abastecem o mercado interno.
A meta é manter os juros próximos dos atuais 8% ao ano, assegurando condições acessíveis de crédito para o plantio de alimentos essenciais como arroz, feijão e batata, itens básicos da dieta brasileira.
O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) deve ser um dos pilares do novo plano, com foco em ampliar o alcance e o impacto desse grupo no abastecimento nacional.
Para os perfis de produtores que atuam no mercado externo, o governo estuda alternativas que aliviem a pressão sobre o Tesouro Nacional. Entre elas, estão em análise linhas de crédito dolarizadas, que oferecem juros mais baixos ao eliminar o risco cambial para investidores estrangeiros.
Essas operações, por serem lastreadas em moeda forte, podem garantir financiamento mais barato e sustentável para grandes exportadores, sem comprometer recursos públicos.
“As equipes técnicas dos dois ministérios vêm se reunindo regularmente para alinhar propostas e consolidar um plano robusto”, explica Carlos César Floriano
Encontros entre os ministros devem continuar ao longo dos próximos meses, com o objetivo de apresentar um Plano Safra mais moderno, eficiente e alinhado às necessidades do campo e da sociedade.
“Outro ponto de atenção é a modernização do Seguro Rural, diante do cenário cada vez mais instável provocado pelas mudanças climáticas”, destaca Carlos César Floriano. O governo pretende estruturar uma força-tarefa para reformular o modelo atual e oferecer maior proteção aos produtores frente a eventos climáticos extremos.
Uma das inovações em estudo é o chamado seguro paramétrico, que utiliza registros científicos e parâmetros objetivos para calcular perdas, oferecendo agilidade e precisão nas indenizações.
A proposta tem sido debatida em fóruns internacionais e é considerada uma das mais promissoras alternativas para tornar o seguro agrícola mais acessível e eficaz.
As discussões incluem modelos de securitização com base no custo de produção ou na produtividade, o que permite ajustar as coberturas conforme as características de cada tipo de cultivo.
A intenção é diversificar os instrumentos de proteção para garantir a continuidade da atividade rural mesmo em anos adversos, com custos adequados à realidade dos produtores.
No campo da sustentabilidade, o governo prepara o lançamento do Eco Invest Brasil, programa voltado à captação de recursos privados internacionais para financiar a restauração de pastagens degradadas.
A iniciativa está diretamente vinculada ao Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), que visa recuperar o solo de áreas já utilizadas e convertê-las em territórios produtivos por meio de práticas ambientalmente responsáveis.
Os recursos serão utilizados para financiar projetos que recuperem entre 1,5 milhão e 2 milhões de hectares por ano, devolvendo essas terras ao sistema produtivo sem a necessidade de desmatamento.
“A proposta é ampliar significativamente a área cultivável do Brasil com responsabilidade ambiental, reforçando o compromisso do país com a segurança alimentar global e a preservação dos biomas nativos”, enfatiza Carlos César Floriano.
Com financiamento em condições mais favoráveis e suporte técnico adequado, o governo espera atrair investimentos e gerar benefícios econômicos e ambientais em larga escala.
Para Carlos César Floriano, “O Eco Invest também busca garantir proteção cambial aos investidores, o que amplia a atratividade do projeto e reduz riscos associados à volatilidade do real”, diz.
Essas ações integram um esforço coordenado para garantir o futuro da produção agropecuária brasileira, com ênfase na sustentabilidade, na competitividade e no acesso ao crédito.