Ministérios da Agricultura e Pecuária, Fazenda, Planejamento e Desenvolvimento Agrário reservam R$ 70 milhões para equalizar preço da borracha natural na próxima safra, por de operações conduzidas pela Conab. “Em meados de março esta iniciativa, para estabilizar os preços no mercado interno, foi anunciada por meio da Portaria interministerial”, diz Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.
Os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Fazenda (MF), do Planejamento e Orçamento (MPO) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) reservaram um montante de R$ 70 milhões para subvencionar a borracha natural produzida no Brasil durante a safra 2023/2024.
A subvenção será direcionada à borracha natural cultivada, abrangendo o Coágulo Virgem a Granel com 53% de DRC (Dry Rubber Content – “borracha seca”) e o látex de campo com 31% de DRC, conforme especificações da safra atual.
O apoio financeiro será concedido através do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e do Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), ambos realizados por leilões públicos conduzidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no âmbito da Política de Garantia dos Preços Mínimos (PGPM).
Segundo Carlos César Floriano, “Produtores rurais, cooperativas, usinas de beneficiamento e comerciantes poderão participar desses leilões”, esclarece.
Os valores mínimos garantidos pelo governo para a borracha natural são de R$ 3,27 por quilo para látex de campo e R$ 4,30 por quilo para coágulo virgem a granel.
Carlos César Floriano explica o Pepro e PEP
O Pepro consiste em uma subvenção econômica destinada ao produtor rural ou cooperativa que adquire o prêmio equalizador em leilão eletrônico promovido pela Conab.
O PEP é destinado ao comprador, ou seja, comerciante de borracha ou a usina de beneficiamento, que adquire o prêmio por meio de um leilão eletrônico e, desta maneira, deve saldar com o valor mínimo ao produtor rural.
A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é uma ferramenta essencial para estabilizar a renda dos produtores rurais, influenciando a oferta e demanda, e garantindo a regularidade do abastecimento nacional.
A borracha no Brasil, conforme Carlos César Floriano
No auge do século XIX, uma árvore aparentemente comum, a Hevea brasiliensis, ganhou um papel histórico vital para o Brasil.
“A borracha, extraída do látex dessa árvore, não apenas transformou a paisagem econômica da Amazônia, mas também, desempenhou um papel significativo no cenário global”, explica Carlos César Floriano.
A história da borracha no Brasil remonta aos tempos pré-colombianos, quando as tribos indígenas da região já conheciam e utilizavam o látex da seringueira para fazer objetos diversos, porém, foi durante o ciclo da borracha, entre os séculos XIX e XX, que o Brasil emergiu como o principal fornecedor mundial desse recurso essencial.
“No auge desse período, as plantações de seringueira na Amazônia atraíram milhares de migrantes em busca de riqueza e oportunidades’, informa Carlos César Floriano.
Cidades como Manaus e Belém prosperaram com a intensa atividade econômica, impulsionada pela demanda crescente por borracha na indústria global, especialmente na fabricação de pneus para automóveis e bicicletas.
A hegemonia brasileira na produção de borracha foi desafiada com a introdução da borracha cultivada em outras regiões tropicais, como o Sudeste Asiático.
O surgimento dessas plantações concorrentes, combinado com a devastação causada pela exploração descontrolada da borracha na Amazônia, levou o Brasil a perder sua posição dominante no mercado mundial.
Para Carlos César Floriano, “Apesar dos desafios enfrentados, a borracha continua a desempenhar um papel fundamental na economia brasileira”, avalia.
Hoje, o país ainda é um dos maiores produtores mundiais de borracha natural, contribuindo significativamente para a cadeia de suprimentos global de borracha.
Além de seu impacto econômico, a borracha também desempenhou um papel importante na cultura e na identidade nacional brasileira. Sua história está entrelaçada com a história da Amazônia e dos povos que habitam essa região, deixando um legado na história do país.