Impacto social no campo: o que as comunidades esperam das empresas rurais

Impacto social no campo: o que as comunidades esperam das empresas rurais

Enquanto o agronegócio brasileiro se consolida como um dos pilares da economia nacional, comunidades rurais seguem cobrando das empresas do setor um comprometimento mais efetivo com o desenvolvimento social. Para Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, “O sucesso de qualquer empreendimento rural está diretamente ligado à qualidade de vida da população ao seu redor”. Essa expectativa tem crescido, impulsionada por uma sociedade mais atenta, conectada e exigente.

O crescimento do agronegócio no Brasil trouxe avanços em tecnologia, produtividade e exportações, entretanto, esse desenvolvimento não se distribuiu de maneira igualitária entre os territórios. 

A presença de grandes empresas rurais pode ser decisiva para mudar esse cenário. Mas o que, de fato, esperam as comunidades dessas corporações? 

Mais do que doações pontuais, moradores e lideranças locais cobram participação ativa em projetos que gerem trabalho digno, preservem o meio ambiente e fortaleçam os vínculos culturais e sociais.

Carlos César Floriano: o que as comunidades querem vai além de boa intenção

Investimentos em escolas, cursos profissionalizantes, redes de saneamento e iniciativas de proteção ambiental estão entre as principais demandas das regiões afetadas por grandes empreendimentos agrícolas. 

A população local também quer ser ouvida antes da implantação de projetos que possam impactar seu cotidiano.

Carlos César Floriano ressalta que “Uma empresa que não dialoga com o território onde atua está fadada a perder relevância e apoio social”. 

A ausência de canais transparentes de comunicação, assim como a falta de diagnósticos sérios sobre as necessidades locais, tem sido um dos principais pontos de atrito entre comunidades e empresas. 

Nesse contexto, a escuta ativa e a corresponsabilidade tornam-se condições fundamentais para a coexistência sustentável.

A estrutura fundiária desigual do Brasil, marcada por grandes latifúndios e pequenos produtores em situação de vulnerabilidade, contribui para um ambiente de tensão social. 

As empresas, por sua vez, têm o potencial de diminuir esses conflitos ao fomentar projetos inclusivos que envolvam as populações tradicionais, ribeirinhas, quilombolas e indígenas, muitas vezes invisibilizadas.

Impacto social como estratégia de valor a longo prazo

Ainda que algumas corporações do agronegócio tratem o investimento social como um custo ou uma obrigação, especialistas apontam que o retorno institucional e de imagem tende a ser elevado. 

O fortalecimento das cadeias produtivas locais ainda reduz custos operacionais, melhora a logística e diminui a resistência a novos projetos.

É dentro dessa lógica que o impacto social deve ser entendido não como assistencialismo, mas como uma estratégia empresarial. Para Carlos César Floriano, “O desenvolvimento só é verdadeiro quando ele é coletivo, e isso inclui todos os atores do campo”. 

A integração com a comunidade se mostra, portanto, como uma via de mão dupla, onde todos ganham: empresas ganham legitimidade; comunidades ganham autonomia.

Modelos de cooperação com associações locais, parcerias com universidades, promoção da agricultura familiar e incentivos à educação ambiental são exemplos de iniciativas bem-sucedidas que podem ser replicadas em outras regiões. 

A construção de uma agenda comum entre empresas rurais e comunidades exige tempo, escuta ativa e um compromisso real com o futuro compartilhado. 

Nesse processo, ganha relevância a ideia de que a prosperidade do campo depende da capacidade das empresas de agirem como agentes de transformação social e não apenas como vetores econômicos.

E é exatamente essa a perspectiva que, segundo Carlos César Floriano, deve orientar as lideranças do setor: “Impacto social não é tendência, é compromisso. Quem entende isso se torna protagonista de um novo ciclo para o campo”.