O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vem tomando medidas governamentais para o mercado de carnes brasileiras após a confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida pela população como o mal da “vaca louca”.
O caso foi identificado em um bovino macho, de nove anos, em uma pequena propriedade rural na cidade de Marabá, no estado do Pará.
O Mapa informou à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e enviou amostras para o laboratório referência da OMSA em Alberta, no país canadense, que poderá confirmar se é uma ocorrência atípica. O bovino, que era criado em um pasto sem ração, foi abatido e incinerado no próprio ambiente que habitava. O serviço veterinário do Brasil está concretizando uma averiguação epidemiológica que eventualmente poderá ser encerrada ou dar continuidade conforme o resultado do exame.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, destacou que todas as medidas estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação, e que o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da carne brasileira.
Para seguir o protocolo sanitário oficial, as vendas de carnes bovinas para a China foram suspensas em caráter temporário desde a quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023, mas o diálogo com as autoridades chinesas estão ocorrendo normalmente com a finalidade de manter o país informado sobre todos os procedimentos adotados e, desta maneira, conseguir retornar a venda da carne bovina o mais rápido possível.
Entendendo o EEB
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), também conhecida como o “mal da vaca louca”, é uma doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central de bovinos. Essa doença é causada por uma proteína anormal, chamada príon, que se acumula no cérebro e na medula espinhal dos animais.
Acredita-se que a EEB tenha surgido na década de 1980, quando bovinos foram alimentados com ração que continha restos de outros animais, incluindo ovelhas e outros bovinos. Essa prática, conhecida como canibalismo animal, permitiu que a proteína anormal fosse transmitida entre os animais, dando início a um surto da doença.
Os primeiros sintomas da EEB são sutis e incluem mudanças no comportamento, como agitação, nervosismo e dificuldade em se movimentar. Conforme a doença progride, os animais perdem peso e apresentam problemas de coordenação e equilíbrio. Eles também podem apresentar tremores musculares, dificuldade para engolir e outros sinais neurológicos.
Atualmente, não existe cura para a EEB e os animais afetados são geralmente abatidos e incinerados para evitar a propagação da doença. Além disso, muitos países adotaram medidas para prevenir a propagação da doença, incluindo a proibição do canibalismo animal na alimentação de bovinos e a realização de testes para detectar a presença da proteína anormal em animais abatidos para consumo humano.
A EEB também pode afetar seres humanos, causando uma doença semelhante chamada doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) variante. Acredita-se que a transmissão ocorra através do consumo de carne contaminada com a proteína anormal. A DCJ variante é extremamente rara, mas fatal, e pode levar anos para se desenvolver após a exposição ao príon anormal.
Como medida de precaução, muitos países proibiram a importação de carne bovina de regiões afetadas pela EEB.