O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro, se encontrou com representantes da indústria da borracha, incluindo o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Borracha Natural, Antonio Carlos Gerin.
A reunião teve como objetivo debater maneiras de impulsionar a produção nacional da borracha.
O setor está em busca de mais incentivos para fortalecer a produção interna, e Fávaro demonstrou estar receptivo às demandas apresentadas pelo grupo.
Embora o Brasil já tenha sido o maior produtor mundial de borracha natural, atualmente ocupa a 11ª posição no ranking, contribuindo com apenas 1% da produção global.
Segundo representantes do setor, a produção nacional abastece 40% do mercado interno, enquanto o restante é importado. Os impostos de importação da borracha praticados no Brasil, que foram de até 40%, atualmente, está em 3,2%.
A Importância histórica da borracha para o Brasil
A borracha, um dos materiais mais versáteis do mundo, desempenhou um papel crucial na história do Brasil.
Durante décadas, o país foi um dos principais produtores e exportadores desse produto, impulsionando sua economia e moldando sua identidade nacional.
A história da borracha no Brasil inicia nos tempos coloniais, quando os povos indígenas já utilizavam o látex extraído de árvores, como a seringueira, para fazer objetos e utensílios.
Foi apenas no século XIX que a borracha ganhou destaque no cenário internacional.
Com a crescente demanda por pneus para a indústria automobilística em expansão, a borracha natural se tornou um produto de grande valor. E foi nesse momento que o Brasil se destacou como um dos principais fornecedores.
A região amazônica, com sua vasta floresta tropical, tornou-se o centro da produção de borracha do país.
A exploração da borracha na Amazônia trouxe uma série de mudanças significativas para a região. A extração do látex se tornou uma atividade econômica vital, atraindo migrantes de todo o país em busca de oportunidades. Cidades como Manaus e Belém se desenvolveram rapidamente, impulsionadas pela riqueza gerada pela borracha.
A borracha também desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da infraestrutura na região amazônica. A construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, por exemplo, foi financiada com os recursos provenientes da produção de borracha.
Essa ferrovia, considerada uma das maiores obras de engenharia do século XX, ligava a Bolívia ao Rio Amazonas, facilitando o transporte da borracha para os portos e impulsionando ainda mais a indústria.
No entanto, esse período de prosperidade não durou para sempre. No final do século XIX, sementes de seringueira foram contrabandeadas para outras partes do mundo, como a Ásia, onde foram cultivadas com sucesso.
Isso resultou em um aumento da concorrência e na queda dos preços da borracha. Além disso, a produção brasileira foi afetada por doenças que atacaram as plantações, como o fungo Microcyclus ulei.
A combinação desses fatores levou ao declínio da indústria da borracha no Brasil. Muitos seringueiros abandonaram suas atividades e migraram para outras regiões em busca de trabalho. As cidades que antes eram prósperas entraram em declínio, deixando um legado de decadência e abandono.
Nas últimas décadas, a borracha natural experimenta um ressurgimento no Brasil. A conscientização sobre a importância da preservação da floresta amazônica e a valorização dos recursos naturais levaram a um aumento no cultivo sustentável da seringueira.
Pequenos produtores e comunidades tradicionais estão retomando a atividade, adotando práticas de manejo sustentável e valorizando o conhecimento tradicional dos seringueiros.
A demanda por produtos sustentáveis e ecologicamente corretos impulsiona a procura pela borracha natural brasileira. Empresas e consumidores têm buscado alternativas aos produtos derivados do petróleo, valorizando a matéria-prima renovável e de baixo impacto ambiental que a borracha oferece.