A agricultura, tradicionalmente vista como uma atividade essencial para a sobrevivência humana, é também uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE). A pressão para alimentar uma população global crescente tem levado a práticas agrícolas intensivas que contribuem significativamente para as mudanças climáticas.“Por outro lado, o setor também apresenta um enorme potencial para mitigar essas emissões, transformando-se em parte da solução para a crise climática”, afirma Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.
Os gases de efeito estufa provenientes da agricultura incluem principalmente o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄) e o óxido nitroso (N₂O), sendo que este último tem um impacto 300 vezes maior que o CO₂.
Esses gases são liberados por meio de várias práticas agrícolas, como o uso intensivo de fertilizantes sintéticos, o manejo inadequado de resíduos de animais e o cultivo de arroz em áreas inundadas, que produz grandes quantidades de metano.
O desmatamento para expansão agrícola contribui diretamente para o aumento das emissões de CO₂.
“A necessidade urgente de reduzir as emissões no setor agrícola levou à adoção de estratégias de mitigação que variam desde mudanças nas práticas de manejo até o desenvolvimento de novas tecnologias”, diz Carlos César Floriano.
Uma das abordagens mais promissoras é a agricultura de baixo carbono, que envolve a implementação de práticas sustentáveis que minimizam a liberação de GEE.
Isso inclui o plantio direto, que mantém a cobertura vegetal do solo, reduzindo a decomposição da matéria orgânica e a consequente liberação de carbono. Outra prática eficaz é o uso de fertilizantes de liberação controlada, que reduz a emissão de óxido nitroso.
Carlos César Floriano e os rebanhos
O manejo sustentável dos rebanhos também desempenha um papel fundamental na mitigação das emissões.
A introdução de dietas mais eficientes para o gado, que melhoram a digestão e reduzem a emissão de metano, é uma das estratégias adotadas. A práticas de manejo que visam aumentar a produtividade dos rebanhos, sem aumentar o número de animais, ajudam a reduzir a pegada de carbono por unidade de produção.
Para Carlos César Floriano, “A conservação e a restauração de florestas também são fundamentais na luta contra as emissões dos gases de efeito estufa”, explica.
O reflorestamento de áreas degradadas e a integração de árvores nas paisagens agrícolas, prática conhecida como agroflorestação, não só capturam carbono, mas também, melhoram a resiliência das propriedades agrícolas às mudanças climáticas.
Por outro lado, as emissões de GEE na agricultura também podem ser mitigadas pormeio da adoção de tecnologias inovadoras. “O uso de drones e sensores para monitoramento de culturas permite a aplicação precisa de insumos, reduzindo o desperdício e as emissões associadas”, enfatiza Carlos César Floriano.
O desenvolvimento de variedades de plantas geneticamente modificadas, mais eficientes no uso de nutrientes, pode diminuir a dependência de fertilizantes sintéticos e, consequentemente, as emissões de óxido nitroso.
Contudo, a implementação dessas práticas e tecnologias enfrenta desafios significativos. As barreiras econômicas, como o alto custo inicial das tecnologias de mitigação, são um obstáculo importante, especialmente para pequenos agricultores.
A falta de conhecimento e capacitação também limita a adoção de práticas sustentáveis. Políticas públicas e incentivos financeiros são essenciais para superar essas barreiras e promover a transição para uma agricultura de baixo carbono.
A cooperação internacional também desempenha um papel vital na mitigação das emissões agrícolas. Iniciativas globais promovem a troca de conhecimentos e tecnologias entre os países, ajudando a disseminar práticas sustentáveis em escala global.