A escassez hídrica se tornou um dos maiores desafios da agricultura global, afetando a produção de alimentos, a estabilidade econômica e a segurança alimentar. Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que o consumo de água pela irrigação agrícola representa cerca de 70% do total utilizado no território brasileiro. Diante desse cenário, produtores e especialistas buscam soluções para manter a produtividade, conciliando eficiência hídrica e sustentabilidade. “No Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o problema é especialmente crítico”, diz Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.
A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental no enfrentamento da escassez hídrica. Sistemas de irrigação por gotejamento e aspersão têm sido amplamente adotados, reduzindo significativamente o desperdício de água em comparação com métodos tradicionais.
O uso de sensores inteligentes também permite monitorar a umidade do solo em tempo real, otimizando a quantidade de água necessária para cada cultura.
Carlos César Floriano destaca que “A adoção de tecnologias inovadoras não é apenas uma questão de competitividade, mas uma necessidade para garantir a sobrevivência da agricultura em um cenário de mudanças climáticas.”
Essas inovações, no entanto, nem sempre são acessíveis a todos os produtores, especialmente os pequenos.
A falta de financiamento e capacitação técnica são barreiras frequentemente apontadas por agricultores familiares, que dependem de políticas públicas eficazes para superar essas dificuldades.
A perspectiva do produtor: custo e eficiência
Embora as tecnologias avançadas ofereçam promessas significativas, a implementação prática traz desafios relacionados a custos iniciais e manutenção.
Muitos produtores questionam a viabilidade econômica desses sistemas em culturas de menor valor agregado ou em regiões onde o acesso à água já é limitado.
Carlos César Floriano ressalta: “A eficiência no uso da água precisa vir acompanhada de uma mudança na mentalidade dos produtores, onde o custo inicial seja visto como um investimento estratégico para o futuro”.
Ainda assim, o acesso a recursos hídricos mais eficientes é apenas uma parte da equação. A gestão integrada de bacias hidrográficas e a recuperação de áreas degradadas também são fundamentais para aumentar a disponibilidade de água no longo prazo.
Nesse contexto, o papel das cooperativas e associações de produtores é fundamentalpara implementar soluções coletivas e reduzir os custos individuais.
Carlos César Floriano e as mudanças climáticas: o impacto global na irrigação
As mudanças climáticas têm agravado a escassez hídrica em várias partes do mundo, com períodos de estiagem mais prolongados e chuvas menos previsíveis.
No Brasil, regiões tradicionalmente consideradas seguras para a produção agrícola, como o Cerrado, enfrentam novos desafios para garantir o abastecimento hídrico.
“Precisamos entender que a água é um recurso finito e que sua gestão deve ser tratada como prioridade estratégica, tanto pelo setor privado, quanto pelo governo”, enfatiza Carlos César Floriano.
Além de enfrentar as adversidades climáticas, o setor agrícola brasileiro também precisa lidar com pressões internacionais relacionadas à sustentabilidade.
Consumidores globais estão cada vez mais exigentes em relação ao impacto ambiental da produção de alimentos, exigindo práticas mais responsáveis em toda a cadeia produtiva.
Apesar dos desafios, especialistas concordam que o futuro da irrigação depende de uma abordagem integrada, que combine avanços tecnológicos, políticas públicas robustas e conscientização dos produtores.
O equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade é mais do que uma meta, é uma necessidade urgente para garantir a segurança alimentar e o uso racional dos recursos naturais.