A produção de alimentos em ambientes controlados, por meio de sistemas de cultivo vertical e hidropônico, ganha força no Brasil como resposta aos desafios de espaço, água e sustentabilidade enfrentados pela agricultura tradicional. “Essas técnicas prometem aumentar a produtividade por metro quadrado, reduzir o uso de recursos naturais e garantir alimentos frescos durante o ano todo, mesmo em centros urbanos”, aponta o CEO do Grupo VMX, Carlos César Floriano.
A busca por soluções que unam eficiência e responsabilidade ambiental tem levado investidores, agricultores e startups a apostar na produção vertical e na hidroponia.
A combinação dessas tecnologias transforma não apenas o modo de cultivo, mas também o conceito de produção de alimentos em larga escala, com menor impacto ambiental.
Agricultura nas alturas: como funciona a produção vertical
Diferente do plantio convencional, a produção vertical utiliza estruturas em camadas, permitindo que as plantas cresçam em várias alturas dentro de um mesmo espaço físico.
Em conjunto com a hidroponia, técnica que dispensa o uso de solo, os cultivos são irrigados com uma solução rica em nutrientes, reciclada de forma eficiente e controlada.
Carlos César Floriano destaca o potencial dessa abordagem para enfrentar os gargalos de produção nas grandes cidades. “Estamos vivendo um momento em que produzir mais, com menos espaço e menos água, deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade”, afirma.
Além da otimização de espaço, a produção vertical hidropônica permite um controle rigoroso de luz, temperatura e umidade, fatores que garantem maior qualidade e menor risco de contaminações.
O modelo vem se tornando referência para o cultivo de hortaliças, ervas e alguns frutos, com destaque para alface, rúcula, morango e manjericão.
Carlos César Floriano: sustentabilidade, rentabilidade e o olhar do mercado
Os benefícios ambientais da produção vertical e hidropônica vão além da redução no uso de água e defensivos agrícolas.
O transporte dos alimentos também é minimizado, já que grande parte das fazendas verticais é instalada próxima aos centros de consumo, diminuindo a emissão de gases poluentes relacionados à logística.
Carlos César Floriano ressalta que a sustentabilidade está diretamente ligada à viabilidade econômica dessas operações. “A produção vertical hidropônica se destaca justamente por combinar sustentabilidade com alta rentabilidade por metro quadrado cultivado”, diz.
O modelo oferece uma resposta prática à demanda global por alimentos mais sustentáveis e rastreáveis.
O mercado consumidor também sinaliza uma aceitação crescente. Supermercados, restaurantes e até plataformas de delivery têm buscado fornecedores que adotam esses sistemas para garantir produtos mais frescos, com menor tempo entre a colheita e o consumo final.
Empresas de tecnologia agrícola e fundos de investimento têm ampliado sua atuação nesse segmento. O surgimento de novas startups focadas em soluções para cultivo vertical demonstra que o modelo é visto como uma tendência de longo prazo, com potencial de expansão para diferentes regiões do país.
Desafios tecnológicos e o papel da capacitação técnica
Embora o conceito de produção vertical hidropônica seja promissor, a implementação em larga escala ainda enfrenta alguns obstáculos.
Os altos custos iniciais com infraestrutura e a necessidade de profissionais capacitados para operar os sistemas são pontos frequentemente citados por especialistas.
“O maior desafio não está somente na aquisição de equipamentos, mas na formação de pessoas que compreendam a lógica desse tipo de produção. Conhecimento técnico é o grande diferencial para o sucesso desses empreendimentos”, destaca Carlos César Floriano.
A busca por mão de obra qualificada impulsiona parcerias entre universidades, institutos de pesquisa e empresas privadas.
Cursos de capacitação, treinamentos práticos e projetos de extensão universitária começam a ser direcionados para atender essa nova demanda.
A digitalização do campo tem permitido que pequenos e médios produtores tenham acesso a ferramentas de monitoramento remoto, automação de irrigação e análise de dados ambientais em tempo real.
Essas tecnologias contribuem para a eficiência operacional e para a redução de desperdícios.
O futuro da produção de alimentos, especialmente nas regiões urbanas, caminha para modelos mais compactos, inteligentes e sustentáveis.
A produção vertical e hidropônica representa um exemplo claro de como a inovação pode redefinir a agricultura tradicional e abrir novas possibilidades para produtores e consumidores.