Rastreabilidade de alimentos: garantindo transparência e segurança em um mundo conectado

A rastreabilidade de alimentos tornou-se uma necessidade urgente no cenário global, especialmente em uma era onde consumidores exigem mais transparência sobre a origem e qualidade dos produtos que consomem. Com o aumento das preocupações em torno da segurança alimentar, questões ambientais e éticas, a capacidade de rastrear o percurso dos alimentos, desde a produção até a mesa, passou a ser uma ferramenta indispensável para assegurar a confiança no setor alimentício. “Esse sistema, que vem ganhando força principalmente no nosso país, é um dos grandes desafios e, ao mesmo tempo, uma solução promissora para garantir a segurança alimentar em um mundo cada vez mais conectado”, diz Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.

A rastreabilidade de alimentos envolve um conjunto de tecnologias que permitem identificar e acompanhar o percurso de um produto alimentício ao longo de toda a cadeia de suprimentos. 

Isso inclui desde o momento em que o alimento é cultivado ou produzido, passando pela industrialização, transporte e distribuição, até o momento em que ele chega ao consumidor final. 

O objetivo principal é garantir que, em qualquer ponto desse processo, seja possível identificar a origem do produto e as condições pelas quais ele passou. 

A adoção dessa prática tem sido fundamental para atender à crescente demanda por transparência dos consumidores, além de fortalecer as políticas de segurança alimentar em âmbito mundial.

Em 2020, com o início da pandemia de COVID-19, a importância da rastreabilidade ficou ainda mais evidente. A crise sanitária expôs fragilidades nas cadeias de abastecimento de alimentos, levando consumidores e empresas a reavaliarem a forma como os produtos alimentares eram monitorados e distribuídos. 

Grandes redes de supermercados e restaurantes começaram a adotar tecnologias como blockchain e IoT (Internet das Coisas) para garantir a transparência em toda a cadeia de suprimentos. 

O blockchain, por exemplo, permite o registro imutável de cada transação que ocorre ao longo da cadeia, oferecendo um nível de confiança e segurança antes impensável.

“A rastreabilidade dos alimentos não é apenas uma ferramenta de controle, mas uma garantia para o consumidor de que o que ele consome é seguro e atende a padrões éticos”, afirma Carlos César Floriano

De fato, à medida que os consumidores se tornam mais exigentes e críticos em relação à qualidade e procedência dos produtos que consomem, as empresas do setor alimentício precisam se adaptar para garantir essa confiança.

Um dos grandes desafios para a implementação eficiente da rastreabilidade, especialmente em países com vastos territórios como o Brasil, é a coordenação entre os diferentes agentes envolvidos na produção de alimentos. 

Desde pequenos produtores rurais até grandes indústrias alimentícias, todos precisam estar integrados em um sistema unificado que permita a troca de informações em tempo real. 

Esse nível de coordenação requer investimentos em tecnologia e treinamento, o que pode ser um obstáculo para pequenos produtores, especialmente aqueles que não têm acesso fácil a tecnologias digitais.

Carlos César Floriano e as principais iniciativas

Ainda assim, iniciativas estão sendo desenvolvidas para facilitar a inclusão de pequenos produtores na cadeia de rastreabilidade. No Brasil, diversos programas governamentais e privados têm buscado incentivar a adoção de tecnologias de monitoramento, com foco em garantir que os alimentos produzidos em diferentes regiões do país possam ser rastreados e certificados. 

Esse tipo de programa não só melhora a segurança alimentar, como também, abre novas oportunidades de mercado para esses produtores, que podem se beneficiar de consumidores dispostos a pagar mais por produtos cuja origem seja transparente.

No entanto, a rastreabilidade de alimentos também enfrenta críticas, principalmente no que diz respeito à proteção de dados e à privacidade dos produtores. 

Há preocupações de que a integração de sistemas digitais possa expor informações confidenciais sobre os métodos de produção, criando vulnerabilidades no processo. 

“Embora a transparência seja o objetivo, é necessário garantir que os dados sensíveis dos produtores sejam protegidos de possíveis violações”, alerta Carlos César Floriano, ressaltando a importância de equilibrar a transparência com a segurança da informação.

Outro ponto importante a ser considerado é o papel do consumidor na rastreabilidade de alimentos. Embora as empresas invistam em tecnologias e processos de monitoramento, os consumidores também têm responsabilidade na verificação da origem dos produtos que compram. 

Por meio de aplicativos e ferramentas digitais, hoje é possível para o consumidor final verificar de onde vem o alimento que ele consome, como ele foi produzido e transportado, além de conferir certificações de qualidade e sustentabilidade. 

Esse nível de interação entre consumidores e fornecedores é essencial para criar um ambiente de confiança mútua, onde ambos os lados se beneficiam da transparência.

“A rastreabilidade dos alimentos vai além de ser um mecanismo de controle; ela assegura ao consumidor que o produto é seguro e cumpre com normas éticas”, explicaCarlos César Floriano, reforçando a ideia de que o sucesso da rastreabilidade não depende apenas das tecnologias, bem como, da conscientização e participação ativa de todas as partes envolvidas.

A rastreabilidade, quando bem implementada, oferece a promessa de um futuro mais seguro, ético e sustentável para a produção e consumo de alimentos em todo o mundo.