O segmento de insumos do agronegócio cresceu 0,23% em junho, acumulando alta de 7,26% no primeiro semestre de 2019. Em junho, os insumos agrícolas avançaram (0,68%), ao passo que os pecuários tiveram baixa (-0,8%), pressionados por uma piora na produção da indústria de rações. Já no acumulado do semestre, os insumos agrícolas e pecuários mantiveram crescimentos, de 9,08% e de 3,32%, respectivamente.
Os dados fazem parte do estudo sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq).
Carlos Cesar Floriano avalia que setor sinaliza resultado da cadeia produtiva
Todo o setor econômico tem seus indicadores que refletem as tendências de diferentes setores. No segmento do agronegócio não é diferente. De acordo com o CEO do Grupo VMX, Carlos Cesar Floriano, o setor de insumos agrícolas é extremamente revelador. “Acreditamos que ele em crescimento sinalize uma avanço em diferentes setores importantes para o agronegócio”, afirma.
Fertilizantes e Defensivos
Os destaques em termos de alta foram os setores de fertilizantes e defensivos.
O aumento importante previsto para o faturamento da indústria de fertilizantes reflete principalmente a alta de 15,61% nos preços do produto, na comparação entre os primeiros semestres de 2019 e de 2018. Como destacado em relatórios anteriores, alguns fatores explicam o elevado patamar de preços do produto ao longo de 2019, com destaque para a desvalorização da taxa de câmbio.
Especificamente em junho, a valorização da taxa de câmbio frente ao mês anterior pressionou para baixo os valores dos fertilizantes.
Para a produção de fertilizantes, o resultado também é positivo, porém mais modesto, com alta anual prevista em 3,19%. Essa variação relativamente baixa, considerando-se informações disponíveis até junho de 2019, reflete a fraca movimentação do mercado no período, resultado principalmente dos preços elevados e do atraso para liberação do crédito aos produtores.
No caso da indústria de defensivos, a projeção de alta no faturamento reflete principalmente o aumento esperado de 29,30% na produção anual. Para preços, na comparação entre o primeiro semestre de 2019 e o mesmo semestre de 2018, a elevação foi de 5,16%. Como destacado nos relatórios anteriores, o importante aumento da produção de defensivos pode ser resultado da maior demanda por parte de culturas mais intensivas no uso desse insumo, como o algodão, associada à resposta da indústria nacional ao fechamento de diversas indústrias do insumo na China (frente à política de recuperação ambiental que vem sendo aplicada no país). No caso dos preços dos defensivos, o elevado patamar ao longo de 2019 também é explicado principalmente pela desvalorização da taxa de câmbio (na comparação entre o primeiro semestre de 2018 e de 2019).
Máquinas Agrícolas e rações
Já para a indústria de máquinas agrícolas, espera-se redução de 1,78% no faturamento anual de 2019. O resultado negativo reflete a queda esperada na produção, de 5,5%, e que foi intensificada em junho. Segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a menor produção entre maio e junho se deveu ao represamento dos pedidos diante da espera do lançamento do Plano Safra 2019/2020.
Para a indústria de rações, o crescimento esperado no faturamento está atrelado às elevações em preços (8,47%), tendo em vista a redução esperada na produção para o ano (-0,90%). Para as indústrias de medicamentos para animais, houve altas de 1,1% para as cotações (na comparação entre o primeiro semestre de 2018 e de 2019) e de 3,16% na produção anual esperada. “O cenário apresenta um horizonte de retomada no crescimento do agronegócio brasileiro, influenciando o resultado global do PIB”, conclui Carlos Cesar Floriano.