Startups verdes: a revolução ESG que está redefinindo o agro brasileiro

Startups verdes: a revolução ESG que está redefinindo o agro brasileiro

Com foco em práticas ESG, essas empresas estão impulsionando um novo ciclo de inovação no campo, conquistando investidores e abrindo novos mercados. “As startups brasileiras estão redesenhando o mapa do agronegócio ao unir tecnologia e responsabilidade socioambiental”, diz Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.

Nos últimos anos, o conceito de ESG — sigla para práticas ambientais, sociais e de governança — deixou de ser um diferencial corporativo e passou a ser um critério essencial para avaliação de empresas em qualquer setor. 

No agronegócio, essa transição é especialmente relevante. Tradicionalmente vinculado à produção em larga escala e a modelos intensivos, o setor enfrenta agora o desafio de se adaptar às exigências de sustentabilidade sem comprometer sua produtividade.

É nesse cenário que surgem as chamadas AgTechs, startups focadas em soluções tecnológicas para o campo. Muitas dessas empresas estão indo além da inovação mecânica ou digital, abraçando a agenda ESG como núcleo de suas operações. 

Isso inclui desde plataformas de monitoramento ambiental por satélite até ferramentas que promovem inclusão social entre pequenos produtores e comunidades locais.

Tecnologia com propósito: o agro como plataforma de transformação

Entre as iniciativas mais inovadoras, destacam-se startups que utilizam inteligência artificial para prever padrões climáticos e reduzir o desperdício de água, drones para mapear áreas de risco ambiental e aplicativos que conectam cooperativas agrícolas a programas de capacitação sustentável. 

São ferramentas que não somente aumentam a eficiência, bem como, garantem maior transparência e responsabilidade no uso da terra. A meta dessas startups é clara: alinhar produtividade e impacto positivo. 

Um exemplo disso é o desenvolvimento de sistemas de rastreabilidade que acompanham toda a jornada de um alimento — do plantio ao consumo final — assegurando que ele foi produzido em conformidade com critérios éticos e ecológicos. 

Essas soluções despertam o interesse de grandes redes de varejo e exportadores, que buscam garantir aos consumidores um produto livre de irregularidades ambientais ou sociais.

Carlos César Floriano, destaca a importância desse movimento. “O campo brasileiro está passando de uma era de abundância para uma era de consciência. E são as startups que estão conduzindo essa mudança com inteligência e coragem”, afirma.

Essa nova configuração do setor agro também influencia o comportamento dos investidores. Com a valorização crescente de ativos sustentáveis, fundos de investimento voltados para negócios de impacto olham com atenção para as AgTechs que comprovam seu compromisso com o ESG. 

Isso cria um ciclo virtuoso, onde o capital fomenta soluções que, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento responsável da cadeia produtiva.

Contudo, o desafio ainda é grande. A aplicação de práticas ESG exige estrutura, tecnologia e, sobretudo, mudança de mentalidade. 

Muitos produtores, especialmente os de pequeno e médio porte, ainda enfrentam dificuldades para compreender e implementar essas transformações.

Carlos César Floriano e a democratização do ESG no campo

“Não podemos permitir que a sustentabilidade seja um privilégio de poucos. Ela precisa ser acessível, replicável e economicamente viável para todos os elos da cadeia”, ressalta Carlos César Floriano. O futuro do agronegócio passa inevitavelmente pela inclusão: social, ambiental e econômica.

Carlos César Floriano entende que o Estado e a iniciativa privada devem agir como facilitadores dessa transição, oferecendo incentivos fiscais, linhas de crédito específicas e programas de capacitação técnica. “É preciso plantar conhecimento antes de colher resultados. O ESG não é um modismo, é uma reinvenção da lógica de produção”, explica.

Diversas startups já estão promovendo parcerias com universidades, ONGs e cooperativas locais para acelerar esse processo de educação e transição tecnológica. 

A troca de conhecimento entre campo e cidade também se intensifica, com hubs de inovação promovendo encontros entre produtores rurais, engenheiros, cientistas de dados e especialistas em sustentabilidade.